quarta-feira, 31 de maio de 2017

Muros Líquidos



Muros Líquidos

 Há em mim uma longa estrada
Que irónica me galga a vida
Como se entre muros líquidos
O calendário não descobrisse a saída.
Há um rio de pedra a ferver
Com margens veladas de sentimento
Tremo só de pensar o abeiramento
E, nos céus de chumbo que me gemem
Há pontes adensas por terminar
Homens a sorrir pelo sémen
Mulheres a parir devagar.
Enquanto as estrelas sorriem
Eu finjo dormir ao relento
E sonho-as a pousar no meu chão lento.
O menino de cima acorda-me, chora no berço
Perdeu a chupeta, será que tem frio?
Oh a vizinha ainda reza o terço!
Que horas são?
- Pergunta a mente em ebulição
No sono preso por um fio.
 Valha-me a esperança que se dissolvam
As consciências de fumo
Valha-me tudo o que existe e amo
Porque odiar eu não sei
Só sei que a sonhar, sou tudo o que sonhei.
Só os poetas
Despertam fatalmente
Só os poetas lamentam
Só eles a sangrar
Tentam …
Dar sorte ao azar!



Sem comentários:

Enviar um comentário

Um Sonho